
As praças do Centro Histórico de Natal seguem marcadas pelo abandono e por reformas que se arrastam há anos. O problema atinge alguns dos logradouros mais emblemáticos da cidade, afetando diretamente a mobilidade, a segurança e o comércio local.A Praça Augusto Severo, vizinha ao Teatro Alberto Maranhão e ao Teatro de Cultura Popular, é um exemplo.
Fechada há cerca de cinco anos, a praça deveria ser um ponto de encontro e lazer, além de importante conexão de transporte público, por estar próxima a paradas de ônibus que ligam todas as regiões da cidade. Hoje, porém, permanece inacessível e insegura. “Teve um período que retiraram os tapumes e pensamos que a reforma iria acontecer, mas nada mudou”, relata Fabiana da Silva, funcionária de uma escola próxima. Para ela, a reabertura traria movimento, melhoria na circulação de pessoas e mais segurança para trabalhadores e usuários do transporte coletivo.
Outro caso é o da Praça André de Albuquerque, marco zero da fundação de Natal, situada em frente à primeira catedral da cidade. O cenário contrasta com sua relevância histórica: não há jardinagem, os bancos estão deteriorados e a iluminação é inexistente, deixando o espaço entregue à escuridão à noite.
Atualmente, o local serve como abrigo para pessoas em situação de rua e ponto de encontro para usuários de drogas. Placas indicam que a reforma começou em setembro de 2024 para ser concluída em março de 2025, mas comerciantes afirmam que nada mudou. “Aqui era para ter crianças brincando, casais, famílias. O que vemos é abandono e insegurança. Estou aqui há dois anos e nunca vi ninguém trabalhando na reforma”, lamenta o comerciante Francisco Sávio.

A Praça Dom Vital, por sua vez, teve obras mais rápidas em comparação às demais, mas segue fechada. Segundo a moradora Nádia Lúcia, a primeira etapa foi abandonada após limpeza inicial e cercamento. “Dizem que já terminaram, só falta inaugurar. Uma área dessas, quando fica fechada e escura, gera insegurança”, afirma. Ela defende a inclusão de equipamentos como academias públicas e apela à população para preservar os espaços.
As três intervenções fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Cidades Históricas), lançado em 2014, ano em que Natal foi uma das sedes da Copa do Mundo. As ordens de serviço foram dadas em setembro de 2024, com o orçamento estimado em R$ 2,015 milhões, e o projeto foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A estimativa da Secretaria da Infraestrutura do Estado (SIN) era de que o cronograma de obras fosse contínuo, com finalização até março de 2025, prazo não cumprido. A pasta não respondeu os questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.
