Os dados são medidos oficialmente pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).Dentre os alimentos listados, o azeite de oliva teve a alta mais expressiva: 21,60%. Isso significa que uma garrafa do produto que custava R$ 30 subiu para R$ 36, em um cenário hipotético.
Tradicionalmente consumidas no fim de ano e também usadas para preparar sobremesas, as frutas em geral tiveram também uma alta expressiva (11,57%). O arroz (9,51%) e a batata inglesa (7,59%) também ficaram acima do IPCA geral.
ALGUNS PREÇOS EM QUEDA
Por outro lado, alguns produtos tiveram queda nos preços em 2024. Destacam-se a cenoura (-23,99%), o tomate (-24,86%) e a cebola (-33,78%).Mesmo que proporcionalmente expressiva, a baixa não é suficiente para compensar o aumento do custo das proteínas animais. Verduras geralmente têm um valor de varejo mais barato.“Mesmo que os preços de itens como cebola e tomate tenham caído, a redução em alimentos de menor valor agregado não é suficiente para compensar os aumentos nos cortes como picanha e costela”, disse ao Poder360 Haroldo Torres, economista e sócio-diretor do Pecege Consultoria e Projetos.
CLIMA E DÓLAR NO PREÇO DA CARNE
Alguns motivos justificam a alta do preço dos alimentos em 2024, segundo Torres. No caso das proteínas animais, estes são os principais:- condições climáticas – a seca mais intensa e as temperaturas altas prejudicaram a recuperação das pastagens, o que limitou a disponibilidade do gado;- redução do abate de vacas – os últimos 3 anos tiveram um descarte grande das fêmeas. A prática foi abandonada em 2024, o que diminuiu a oferta no mercado e aumentou os preços;- dólar em alta – a moeda norte-americana tem atingido níveis recordes em 2024. Isso impactou o valor das carnes porque:
1) as – vendas para o exterior ficaram mais atrativas que o mercado interno, diminuindo a oferta; e 2) aumentou o custo para a importação de insumos para os animais, repassado aos consumidores;- recomposição de renda – os níveis baixos de desemprego e a economia aquecida elevaram a possibilidade de compra para o brasileiro, que passou a poder comprar mais carne. Nesse caso, houve uma influência do aumento da demanda.“A variação mais expressiva nos preços das carnes em 2024 foi motivada por uma combinação de fatores estruturais e conjunturais que impactaram tanto a oferta quanto a demanda”, declarou Haroldo Torres.
Alguns cortes de carnes sentiram mais alguns efeitos do que outros. Por exemplo, as peças consideradas premium foram bem impactadas pela recomposição de renda. É o caso da picanha.
Já os valores de varejo de outras proteínas, como as aves, tiveram uma expansão menos intensa –mas ainda impulsionadas pelas importações dos insumos.
Por outro lado, queda no preço de produtos como cebola e tomate se explicam por questões ligadas à colheita:superprodução – ambos os produtos tiveram uma produtividade elevada, o que aumentou a oferta;importações – no caso da cebola, o Brasil importou demais o produto por causa das enchentes no Rio Grande do Sul. Quando se normalizou, o mercado já estava saturado.
A inflação geral para alimentos domiciliares teve um crescimento de 8,4% no acumulado de 12 meses até novembro. Está acima do IPCA geral, de 4,29%.Dessa forma, o brasileiro deve passar o Natal de 2024 com o índice de preços para o setor mais alto desde fevereiro de 2023 – ou 23 meses.
Com informações de Poder 360