Relatório aponta 15 cidades do RN como vulneráveis ao crime organizado

A posição geográfica do Rio Grande do Norte — com proximidade da Europa, divisa com o Ceará e acesso ao Oceano Atlântico — tem tornado o estado estratégico para o crime organizado. Um relatório da Secretaria de Segurança Pública aponta 15 municípios potiguares como de “alta vulnerabilidade” para o tráfico de drogas, contrabando de mercadorias e movimentações financeiras ilícitas.

O documento, enviado ao Ministério da Justiça, embasa a nova etapa da Operação Arco das Divisas, que tem como foco o reforço da segurança em áreas consideradas sensíveis. As cidades listadas estão distribuídas entre o litoral, o interior e zonas portuárias.

Natal ficou de fora.“Em Natal está o maior efetivo ordinário e extraordinário do Estado. Com todas as unidades. Há um fortalecimento maior. Ela não é considerada vulnerável em relação às outras cidades. Nas outras há necessidade de suplementação”, disse o secretário de Segurança, coronel Francisco Araújo.

Mossoró, segunda maior cidade do estado e sede da única Penitenciária Federal do Nordeste, é considerada ponto estratégico por sua localização na BR-304. Pau dos Ferros, no Oeste, também foi citada por rotas clandestinas e pela proximidade com o Ceará.Areia Branca e Natal, por serem cidades portuárias, são utilizadas como ponto de envio de drogas para o exterior.

Entre 2018 e 2022, 7,5 toneladas de cocaína foram apreendidas no Porto de Natal, com valor estimado em até R$ 1,4 bilhão.No interior, municípios na divisa com a Paraíba também preocupam. Caicó, Currais Novos, Nova Cruz, Jardim de Piranhas e João Dias estão entre os mais vulneráveis.

João Dias foi palco do assassinato de um candidato à prefeitura em agosto de 2024, com possível motivação política e ligação com facções, segundo a Polícia Civil.

Em Jardim de Piranhas, uma operação identificou lavagem de mais de R$ 23 milhões oriundos do tráfico, com uso de imóveis, rebanhos e igrejas. O esquema era comandado por dois irmãos ligados ao PCC.

Nova Cruz também aparece no relatório por histórico de milícias.

Em novembro de 2024, uma quadrilha suspeita de grupo de extermínio foi desarticulada. “Os suspeitos abordavam os cidadãos e exigiam pagamentos pelos ‘serviços’”, apontam as investigações.Cidades menores como Rio do Fogo, Maxaranguape e Macau são citadas por uso de rotas marítimas e rodovias secundárias para escoamento de mercadorias ilícitas.

“Essas cidades são justamente as que há mais possibilidades e vulnerabilidades. São pontos estratégicos que foram apresentados ao MJ para serem empregados na operação. O planejamento é das forças de segurança pública, tanto da Polícia Civil quanto da PM. Tudo com estudo de inteligência, ocorrências, fatos”, afirmou o coronel Araújo.

A Operação Arco das Divisas visa reforçar a presença do Estado em áreas vulneráveis, com atuação integrada das forças de segurança. “Essa operação é antiga e iniciou nos estados onde tínhamos fronteiras com outros países, como Mato Grosso do Sul, na Amazônia, por exemplo. Depois o MJ reajustou para que ela atingisse também os limites, as divisas. Nisso somos contemplados porque temos a divisa do RN com a Paraíba e com Ceará, além do Estado fazer fronteira com o Oceano Atlântico. Temos efetivo da PM e Polícia Civil empregado nessa operação, fazendo apreensão de armas, drogas, captura de fugitivos. O Governo está repactuando essa operação para fortalecê-la ainda mais”, completou o secretário.

Fonte: Tribuna do Norte

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